Rua Tolentino Filgueiras, nº 55
Gonzaga, Santos, SP
Fone (13) 3288-1982
Carne.
A gastronomia santista sempre foi muito fraca quando se trata de carne.
Pra falar a verdade, não só com carne, né.
A única churrascaria rodízio que resiste há anos, “O Tertulia”, já deixou para a história, várias que tentaram entrar no mercado. Churrascaria a la carte do tipo familiar, já surgiram algumas, e só resiste, também há anos, “O Costelão”. Existem alguns “fumacinhas”, e surgiram e já estão sumindo, os “espetinhos”, típicos da zona norte paulistana e de Guarulhos. Não dá para esquecer do mais antigo de todos, “O Chopp do Gonzaga”, sobre o qual já fiz um post especial. Na nova onda de gastronomia de classe, surgiu primeiro o “Puerto de Palos”, sobre o qual, dia desses faço um post.
A novidade, aberta em abril deste ano, é a Parrila San Pablo, casa de três sócios, um paulistano empresário do ramo, e dois santistas.
A casa é muito bonita, instalada num imóvel lindo e com a decoração bem feita.

O cardápio é bem trabalhado e está bem dimensionado para a proposta da casa. A matéria prima, sem dúvida, é de primeira.
O couvert é uma delícia.
Algumas entradas são ótimas, como as empanadas. O típico e famoso “tomate com alcaparrones”, peca por ser meio insosso, principalmente pela falta de um bom chimichurri, que comento mais abaixo. Tem uma fraldinha cozida que faz a gente salivar contando que seja excelente, porém quando chega, decepciona pela falta de expressão e mais uma vez pelo chimichurri.
Os acompanhamentos são muito bons, em especial o arroz Biro-Biro e o purê de mandioquinha.
No entanto, o que devia ser o ponto alto, A CARNE, deixa um pouco a desejar.
Não na forma de preparo, textura, nem com relação ao ponto, que das vezes que estive lá, sempre veio do jeito que cada um pediu. Aliás bem legal é a identificação do ponto do corte que vem na “plaquinha”, com a carne.
Porém, o sabor é que deixa a gente com a sensação de que “ta faltando algo”.
Afora a falta de um pouco de sal (normal e padrão em restaurante, afinal, neste ponto melhor pecar pela falta do que pelo excesso), a carne não tem aquele SABOR que se espera de um bom churrasco.
Sei lá porque.
Dia desses, um amigo fez esse mesmo comentário e ainda chegou a dizer que carne de “fumacinha”, tem mais sabor do que a de lá.
Eu já provei uns cinco cortes diferentes e realmente, nenhum deles foi aquela sensação de hhhhuuummmm que delícia...
O mais fraco foi o cordeiro. Uma carne que é forte por natureza, de sabor bem característico, tava quase que insossa.
Como disse, é decepcionante o “chimichurri”. Molho típico argentino, combinação de ervas e temperos, que primeiro devem ser secos e desidratados para depois, ser reidratado com vinagre e azeite. Lá, a receita própria, feita com excesso de orégano e as ervas frescas, quebra a característica que o molho deve ter.
Para quem gosta, está esperando sentir aquele determinado sabor e vem outra coisa bem diferente. Enfim, é até um tempero legal, mas não é chimichurri.
As sobremesas são muito boas.
A casa tem uma carta de vinhos bem razoável. Aliás, para a realidade da cultura do vinho na cidade, dá para se dizer que boa. Porém, os preços são salgados. Isso faz com que as pessoas, em função do preço, acabem sempre pedindo as mesmas coisas e esta é bem uma das principais razões porque a cultura do vinho cresce tão devagar em Santos.

No geral, a casa é boa e vale a pena conhecer.
Ainda voltarei, contando que as deficiências tenham sido superadas e em razão do ambiente que é muito legal e bonito.
Levando-se em conta que um bom restaurante é um conjunto de coisas, como ambiente, serviço, comida, preço, etc..., e mesmo o que deveria ser o mais importante, a carne (deixando um pouco a desejar), no conjunto a casa vale a pena.